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“Com o Estágio, a adaptação a um novo clube é mais fácil”
Ricardo Ramires treinou com a equipa do Sindicato dos Jogadores em 2005.
Ganhou um Campeonato da Europa em 1994, ao serviço dos sub-18 da Seleção Nacional, representou o Alverca durante cinco temporadas, passou pelo Santa Clara e terminou a carreira no Luxemburgo. Ricardo Ramires esteve em duas edições do Estágio do Jogador, a primeira das quais em 2005, e falou connosco sobre a experiência que teve.
Entre a maior facilidade de encontrar clube e a possibilidade de treinar a nível profissional, o antigo médio não tem dúvidas de que o Estágio do Jogador é uma mais-valia para todos aqueles que estiverem a precisar de competir.
Estiveste connosco no Estágio do Jogador em 2005, depois de teres representado o Santa Clara. O que te levou a decidir participar?
Foi o facto de ter tido a necessidade de continuar a trabalhar num grupo de trabalho e não treinar sozinho. Em termos psicológicos é mais complicado treinar sozinho do que estar inserido num grupo de trabalho, como se estivesse num clube. É isso que o Sindicato oferece, trabalhar ao nível de um clube, quer em termos de treino, de jogos. Isso era muito importante – sentir-me apto e em melhores condições, caso aparecesse um clube. Aparecendo estava mais preparado para entrar nesse grupo de trabalho e conseguir o meu lugar.
O Estágio acabou por te preparar, de certa forma, para a época seguinte…
Sim, realmente prepara-nos a todos. Deixo aqui um alerta a todos os jogadores que tenham essa necessidade. Infelizmente há muitos jogadores sem clube, uns por uns motivos, outros por outos, mas se ficaram sem clube, recorram ao Sindicato. Esse momento é muito difícil a nível psicológico, é muito difícil. É uma situação difícil e espero que cada vez menos haja jogadores nessa situação, mas infelizmente ainda há alguns. Realmente é muito positiva esta iniciativa do Sindicato, que ajuda todos os jogadores que pretendem continuar a sua carreira e o seu percurso.
Sentes que existem jogadores que deixam passar esta oportunidade por “vergonha” da situação em que se encontram?Sim, de facto, há jogadores que sentem isso. Eu quando decidi ir treinar com o Sindicato, tinha saído da Primeira Liga. Aliás, a primeira vez que participei no Estágio tinha saído do Alverca, tínhamos descido de divisão. Daí fui para o Santa Clara, mas no final da época acabei por ficar sem clube. Era para renovar com o Santa Clara, acabou por não acontecer e optei por voltar a inscrever-me no Estágio do Jogador. O Sindicato trabalha muito bem, tenho um testemunho muito positivo. Realmente é uma iniciativa muito importante. Respondendo diretamente à questão, creio que há jogadores que sentem alguma vergonha, talvez pelo nome que têm no futebol, vergonha de dizerem que estão desempregados. Eu, por acaso, consegui pôr isso de parte, não tive vergonha nenhuma. Sim, pensei várias vezes se ia, se não ia, se era melhor ou não. Muitas vezes os jogadores não vão, não é só por vergonha, mas porque pensam se o Estágio será, de alguma forma, benéfico para o jogador. A minha recomendação a esses jogadores é que não tenham esses receios, não tenham esses medos e façam parte da equipa do Sindicato, porque é muito melhor e muito mais fácil encontrar clube assim. Mesmo a nível de ritmo competitivo é muito melhor, é como se estivesses a trabalhar num clube. Com o Estágio, a entrada e adaptação a um novo clube é mais rápida e mais fácil.
Hoje, és empreendedor. Como surgiu esta nova etapa?
Sempre tive essa aptidão para ser empreendedor. Sempre tive a coragem para fazer outras coisas. Surgiu esta oportunidade, apaixonei-me por ela. Eu amei jogar futebol, foi um privilégio ter conseguido ser jogador profissional de futebol, realizei alguns sonhos. Agora como empreendedor posso cumprir sonhos que com o futebol não conseguia e tenho a possibilidade de o fazer.