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“Naquele momento, o Estágio foi fundamental”
Christian Delmoro participou na primeira edição da iniciativa para jogadores sem clube, em 2001.
A caminho do 19.º Estágio do Jogador, o Sindicato traz testemunhos de jogadores que por lá passaram. Desde a primeira até à 18.ª edição, partilhamos os testemunhos de 18 jogadores que nos deixam as suas recordações.
Christian Delmoro participou na primeira edição do Estágio do Jogador, em 2001, tendo sido um dos estreantes. Chegou a Portugal em 1997, apaixonou-se pelo país e não mais saiu. Inclusive, foi em terras lusas que pendurou as chuteiras e abraçou uma nova etapa da sua vida.
20 anos depois, Delmoro partilhou connosco a experiência que viveu no primeiro Estágio do Jogador.
Vieste para Portugal em 1997 e acabaste por ficar até ao final da carreira. O que te prendeu cá?
Cheguei à Europa na temporada 1996/97, ao Almería, e na época seguinte vim para Portugal, para o Bragança, o meu primeiro clube. Depois acabei por ficar porque adaptei-me rapidamente aos costumes, à maneira de viver, à qualidade de vida e à segurança que há em Portugal, especialmente. Comparando com o meu país, Argentina, com Buenos Aires, vive-se muito melhor aqui, no que toca a segurança. Decidi ficar porque consegui conciliar tudo. Hoje continuo em Portugal, fui muito bem recebido e atingi a meta a que me propus atingir – não só na vida desportiva, mas na vida em geral. Foram muitas as variáveis que me prenderam a Portugal e não estou nada arrependido de ter decidido ficar por cá.
Foste um dos estreantes do Estágio do Jogador. O que te levou a participar?
Foi em 2001, já foi há muitos anos, mas vou tentar relembrar-me [risos]. Eu saí do clube onde estava, em litígio, e foi o Sindicato que me ajudou com a situação, de uma maneira muito eficiente e rápida. Foi tudo tratado pelo Dr. Evangelista, na altura advogado do Sindicato, que era presidido pelo António Carraça. Depois do processo ser resolvido e de me ter desvinculado do clube, disseram-me que havia tal projeto que estava a começar, que era o Estágio do Jogador. Aconselharam-me a ir e eu fui. Acho que na altura foi apenas uma semana, muito pouco tempo, porque acabei por assinar pelo Imortal. Fiz poucos treinos e apenas um jogo, contra uma equipa americana. Eu participei porque na altura era profissional, acho que é um projeto muito bom para os jogadores que estão temporariamente sem clube e ajudou-me muito. Ajudou-me a manter a forma e a arranjar contactos, a encontrar um clube.
Na altura, foi benéfico para ti e para a tua situação profissional?
Naquele momento, o Estágio foi fundamental. O contacto surge para ir para um novo clube. Foi no Estágio que recebi o contacto para assinar pelo Imortal. Consegui ter trabalho por causa de um agente ou um empresário que estava lá, a ver os jogos e os treinos do Sindicato. Foi muito importante para conseguir voltar a arranjar um clube.
Que conselho darias a um jogador que esteja a passar por um período de paragem da sua carreira?
Que treinem o dobro e nunca baixem os braços. No futebol e na vida, acho que temos de lutar, prepararmo-nos e formarmo-nos. Para os miúdos de 20 ou 20 e poucos anos, digo-lhes que conciliem os estudos com a carreira desportiva. É muito importante. Com essa idade nós pensamos que o futebol dura para toda a vida e que vamos ganhar muito dinheiro e isso não é verdade. É fundamental estudarmos, mesmo sendo profissionais, para estarmos preparados quando acabar o futebol. Em relação à situação de estar temporariamente desempregado, é importante que todos os jogadores tentem participar no Estágio, porque é de facto uma iniciativa muito boa, não só para estar no mercado e para nos mostrarmos, mas também para manter a parte física e técnico-tática, até porque somos treinados por pessoas com muita experiência e qualidade.