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“O Sindicato oferece todas as condições de um clube profissional”

“O Sindicato oferece todas as condições de um clube profissional”

2021-06-24

No espaço de dois anos, Miguel Garcia foi do Estágio do Jogador à final da Liga Europa.

Miguel Garcia assinou o golo, frente ao AZ Alkmaar, que levaria o Sporting até à final da Taça UEFA em 2005. O herói de Alkmaar acabou por rumar a Itália e as coisas não correram tão bem. Uma lesão afastou-o dos relvados e acabou por ficar sem clube.

Foi aí, em 2009, que decidiu pôr de lado a “vergonha” e inscrever-se no Estágio do Jogador. Voltou a Portugal e, pouco mais de um ano depois, estava novamente numa final europeia, desta vez ao serviço do SC Braga.

Miguel Garcia aconselha todos os jogadores que estejam a passar por um período de paragem a participarem no Estágio, que ele considera ser uma montra para os clubes, além de garantir a melhor forma física possível aos atletas.

Regressaste a Portugal, depois de uma época em Itália. A participação no Estágio do Jogador foi influenciada pelo facto de teres estado fora?
Na altura fui para o Estágio do Sindicato porque vinha de uma lesão e foi uma maneira de voltar a treinar com uma equipa. Foi também uma maneira de me mostrar a outros clubes, porque, lá está, vinha de uma lesão, muitos pensavam que ainda estava lesionado e foi uma forma de mostrar que estava a 100%. Foi, também, uma forma de treinar com uma equipa, porque estava a treinar sozinho, ia ao ginásio, mas não é a mesma coisa. Se tivermos todas as condições disponíveis para treinar, é muito mais fácil para o jogador voltar à sua melhor forma possível e mostrar-se aos clubes.


Um ano depois da participação no Estágio, foste para o SC Braga e disputaste uma final da Liga Europa. A participação no Estágio foi determinante para este desfecho?
No meu caso, como estive um ano e meio parado, foi bastante positivo. Porquê? Porque tinha alguns clubes que duvidavam da minha capacidade física e quando me viram jogar no Sindicato – nós jogámos contra o Belenenses e o Beira-Mar, por exemplo – começaram a ver que eu estava em excelentes condições. Foi daí que surgiu o convite do Olhanense, isto ainda antes do Braga, e eu assinei. Passado seis meses vou então para o Braga, ficámos em segundo lugar, em posição de Liga dos Campeões e, então, no ano a seguir, acabámos por ir até à final da Liga Europa. Foi positivo, porque, se calhar, se não tivesse ido para o Sindicato não estava tão em forma e talvez não tivesse encontrado clube tão rapidamente.


Há muitos jogadores que ainda sentem vergonha de participar nesta iniciativa do Sindicato. Que conselho lhes deixas?
Por acaso, eu também tinha… Não diria vergonha, mas pensei “não sei se isto me irá acrescentar aqui alguma coisa”. Isto porque na altura eu ainda tinha algum nome, tinha saído do Sporting há pouco tempo e achava que ia arranjar clube facilmente. O conselho que dou é: O Sindicato oferece todas as condições de um clube profissional e é uma forma de mostrarem a outros clubes que estão a 100%. O Sindicato, no fim de contas, faz bastantes jogos antes do início da época e mesmo durante a pré-época e é uma forma de se mostrarem mesmo a essas equipas.


Agora, és licenciado e trabalhas no ramo imobiliário. Continuar no mundo do futebol não era uma opção?
Eu desenvolvi uma paixão, durante a minha carreira futebolística, que foi o imobiliário. Na altura, na fase final da minha carreira, consegui terminar a licenciatura em Gestão Imobiliária. Depois, pensei “não, vou seguir a parte do imobiliário para me dedicar mais à minha família”. Queria estar mais com eles. Saí muito cedo do Alentejo, depois saí de Lisboa e fui para o estrangeiro e então deixei um bocadinho de parte a família e amigos. Entretanto, tenho gostado muito do que tenho feito, tenho estado mais junto da minha família, dos meus filhos… Agora consigo levá-los à escola, aos treinos, estar com eles ao fim de semana e se eu seguisse o futebol, quer como treinador ou como diretor, ia voltar a estar mais longe e a flexibilidade não era a mesma. Isto do Imobiliário foi uma coisa experimental, que, entretanto, já deixou de o ser, porque já estou nesta área há cerca de cinco anos e acho que é o caminho mais certo e que me faz mais feliz. Apesar de o futebol ser sempre a minha grande paixão.