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Da rua para o relvado. “Um dia diferente” na Academia do Jogador

Da rua para o relvado. “Um dia diferente” na Academia do Jogador

2019-08-09

Jovens do Bairro Padre Cruz visitaram instalações da futura casa do Sindicato.

Chegaram bem cedo para uma manhã diferente. Dez jovens do Bairro Padre Cruz, em Lisboa, acompanhados pela Associação Nacional de Futebol de Rua (ANFR), através do projeto Bola Prá Frente, E7G, não hesitaram em dizer “presente” quando souberam da oportunidade de, por um dia, trocarem a praça do bairro que serve de estádio por um campo de relvado.

Mas foi assim, de pequenos nadas, apenas com uma bola e um apito, a realizar treinos de futebol de rua numa praça do Bairro Padre Cruz, que o projeto Bola Prá Frente cresceu. Os dez miúdos presentes na Academia do Jogador, futura casa do Sindicato dos Jogadores, são uma pequena amostra de uma associação criada em novembro de 2007 e que, neste momento, apoia cerca de 150 jovens.

Através do protocolo estabelecido com o Sindicato, pretende-se usar o futebol como ferramenta de inclusão, criando atividades sociodesportivas. “Um dia diferente para eles. Fala-se em bola e eles deliram”, refere Ana Paulos, coordenadora do projeto Bola Prá Frente E7G, que lembrou ainda a importância do contacto com os jogadores sem clube, no sentido de mostrar que a carreira no futebol não é feita apenas de sucessos: “Há que trabalhar muito para construir um futuro, dentro e fora das quatro linhas”, frisa.

“Mas como é, afinal, a carreira de um jogador?”; “É possível conciliar a carreira desportiva com a escolar?”; “E depois do futebol, o que fazer?”. Foi também para responder a estas questões que as portas da Academia do Jogador, que nas últimas semanas tem sido a casa dos participantes do 17.º Estágio do Jogador, se abriram.

Entre visitas às instalações e conversas com jogadores, houve oportunidade para o grupo se dividir em dois e mostrar serviço: “vamos lá ver quem é que é capaz de colocar a bola na barra”, anunciava Neca, técnico do 17.º Estágio do Jogador. “Bom, muito bom. Vejo qualidade aqui”, prosseguia o ex-jogador.

Na ANFR ainda há quem aspire vestir a camisola de um grande clube de futebol, mas para outros o futebol foi um sonho que se desfez com o tempo. Paira a certeza de que todos querem dar um novo rumo a um percurso marcado por absentismo, insucesso escolar ou desocupação juvenil e problemas de pobreza geracional ou exclusão.

“Eu quero ter um bom futuro. Só isso! Quis ser jogador de futebol, é verdade, mas hoje só peço um trabalho para poder formar uma família”, revela Jorge Antunes, jovem de 20 anos que está na ANFR desde 2012.

A ANFR desenvolve atividades destinadas a crianças e jovens socialmente vulneráveis, através do projeto Bola Prá Frente E7G, desde janeiro de 2009. O Sindicato dos Jogadores tornou-se membro do consórcio de entidades que apoiam o projeto, em 2019.